JOÃO NEPOMUCENO DA SILVA PORTELLA
( Brasil – Pernambuco )
( 1766 – 1810 )
João Nepomuceno da Silva Portela (1766 — 1810) foi um poeta brasileiro.
Foi citado pelo biógrafo Antônio Joaquim de Melo na obra rara Biografia de Alguns Poetas e Homens Ilustres da Província de Pernambuco.
CAMPOS, Antonio; CORDEIRO, Claudia. PERNAMBUCO, TERRA DA POESIA - Um painel da poesia pernambucana dos séculos XVI ao XXI. Recife: IMC; Rio de Janeiro: Escrituras, 2005. 628 . Ex. bibl. Antonio Miranda
ENCÔMIO DE REPETIÇÃO
Bendita sejas,
Ó doce Bárbara,
Ó virgem cândida,
Mártir fortíssima!
Destes louvores
Tu és mui digna:
Ouve benigna
Nossos clamores.
Cântico
Quando gravaste
No duro mármore
Do lenho Lenho sacro
O sinal místico
Ao pai irado
Então confessas
Que a lei professas
Do Deus chagado...
Ardendo em ira
O cego Idólatra,
Do peito exala
Furor terrífico
A ser feroz
No seu delírio
De teu martírio
Primeiro algoz...
Do Pai tirano
Fugindo tímida.
Que contra ti
Se lança pérfido
Para livrar-te.
Com mais brandura,
A pedra dura
Por si se parte.
Ao juiz fero
De lei gentílica
Rival se acusa,
Cruel, indômito.
Já rio tormento
A aguda dor
Obra o rigor
Sanguinolento.
As mãos entregue
De algozes ímpios,
Cruéis açoites
Te deram rígidos:
Mas tudo isto
Mais te declara
Esposa cara
De Jesus Cristo
Correndo o sangue
Das chagas hórridas,
Da prisão triste
Nas trevas lançam-te.
Para animar-te
Deus piedoso,
Divino esposo,
Vem consolar-te.
Contigo sendo
De graça pródigo,
As tuas chagas
Cura benéfico.
Mas o tirano,
Com seu prestígio,
Nega o prodígio
Do Soberano.
Rasgar teus lados
Decreta rábido
E que te arranquem
Os peitos cândidos.
Vão prosseguindo
Nos teus flagelos
Mortais cutelos
Chagas abrindo.
Do teu pudor
O casto lírio,
Que da pureza
Rebenta florido,
Pretende a fúria
De Monstros duros
De olhos impuros
Sinta a injúria.
A Deus oraste
Com fervor íntimo:
As tuas súplicas
Atende provido.
De claridade
A estola pura
Cobre a candura
Da virgindade.
Da tua vida
Já vais, ó Bárbara,
Dar por Jesus
Os passos últimos.
O Juiz forte,
Sem mais detença,
Deu a sentença
Da tua morte.
Teu pai insano
De infernal cólera,
Se of´rece a dar-te
Golpe mortífero:
Do monte chega
Fera obstinada,
Levanta a espada,
E o golpe emprega.
Rebenta vivo
O sangue tépido!...
Da impiedade
Fenece a vítima.
Voas contente
Com Deus a estar
E a descansar
Eternamente.
Lá de Deus Alto
Ao trono fulgido
Dirige as nossas
Súplicas fervidas.
Pois de louvores
Tu és mui dignos
Ouve, benigna
Nossos clamores.
(In Biografias de Alguns Poetas e Homens Ilustres
da Província de Pernambuco, 1856. p. 16-19).
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Página publicada em setembro de 2022
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